domingo, 26 de abril de 2009

Tropeçar com os olhos

De vez em quando, depois de ficar um bocado a observá-la, ele tropeçava com os olhos do seu amigo fixos nele. O que é que queres que te diga. Respondia em silêncio. As coisas são como são e não como gostaríamos que fossem…
A.Perez-Reverte

Destas e daquelas

Apercebeu-se de que ela era daquelas pessoas que faziam falar com facilidade, aquelas cuja conversa consistia em colocar as perguntas adequadas e os silêncios suficientes para que o outro se encarregasse do assunto. Um truque habilidoso: aprendem e ainda por cima ficam bem sem se comprometerem. Ao fim e ao cabo, toda a gente gosta de falar de si própria. És um óptimo conversador, diziam depois. E não tinham aberto a boca. Cretinos.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

tem muito que se lhe diga!

http://www.youtube.com/watch?v=9lp0IWv8QZY

Vejam isto! Impressionante!


(Adoro quando as pessoas se revelam !
Adoro descobrir uma pessoa noutro contexto!)

terça-feira, 21 de abril de 2009

Sexta hà boxe

Yoga e boxe. Para ti. O céu e o inferno. A paz e a guera. A tranquilidade e o belicismo. The heaven and the hell. You really know what I mean...
E porque sexta há boxe, será uma sexta à boxe. Com luvas, suor, gritos, campainha e o freck show decadente da nobre arte à portuguesa. E haverá risos. Fazes-me bem e eu tenho que te oferecer o melhor de mim.
Para a semana yogamos.

Out of topic

"Há mais coisas no céu e na terra do que sonha a tua filosofia"

Shakespeare

domingo, 19 de abril de 2009

Amor efémero (na trama)

(…) E porque apenas sente o amor como macho e não como homem há nele qualquer coisa de acanhado, de selvagem, de efémero, de “não eterno” que rebaixa a sua arte e a torna equívoca e duvidosa.
(…) Mas nem por isso deixa-se de apreciar o que nele há de grande. É preciso porém não nos tornar adeptos desse mundo de angústias e de desordens.

Rainer Maria Rilke 23 Abril 1903 falando sobre um outro poeta

a 3 dias e 5 km

O momento de partida provocava-lhe sempre uma sensação de calma singular, muito próxima da felicidade. A cidade ficava para trás e tudo o que poderia vir a precisar viajava com ela na mochila. Nas caminhadas, pensava, as pessoas viajavam com o essencial da casa às costas, como um marinheiro explorador no mar, ou como um bivalve com a sua a concha e que se desloca. Bastava um saco cama, um colchão, um casaco quente e um corta vento, para que tudo o que a cidade continha se tornasse supérfluo. Vozes, ruídos, gente, odores, tiranias de ponteiro de relógios deixavam de fazer qualquer sentido. Diante de presença agreste e mágica das montanhas omnipresentes, dores, anseios, vínculos sentimentais, ódios, esperanças, diluíam-se em cada passo enfraquecendo até parecerem distantes, sem sentido, porque os montes tudo absorviam. Havia coisas intoleráveis na cidade, ausências, angustias, pressas, competição, que só se podiam suportar emergida numa paisagem ampla e montanhosa.
Era verdade que a liberdade verdadeira, a única possível começava passado três dias e a cinco quilómetros da aldeia mais próxima.